Temos visto ultimamente muitas manifestações
de preconceitos, muitas vezes praticados de uma forma tão intensa e até mesmo
cruel, chegando a agressão.
Durante as últimas semanas presenciamos dois
casos polêmicos de preconceito, o primeiro foi através de uma foto, até então inofensiva
onde um atleta do futebol Emerson Shaike, jogador do Corinthians, beija um
amigo em tom de brincadeira e é duramente criticado por alguns integrantes de
torcidas organizadas que dizem em uma entrevista para o GloboEspote.com assim: “ Isso não é atitude de um jogador do Corinthians, e o
mínimo que queremos é que ele faça um pedido formal de desculpas. Não somos
homofóbicos, mas se ele quer fazer essas coisas que vá para outro clube. Aqui
no Corinthians, não “. Ann?? Eu entendi direito? Nós não somos homofóbicos?? E essa atitude foi o que mesmo? As
vezes tenho a impressão que o caso é mais sério do que imaginamos, as pessoas muitas
vezes nem sabem que estão sendo preconceituosas, acham que estão agindo de
forma correta. Entendo que o mundo vem mudando e que é muito mais difícil para
a minha avó que tem 87 anos entender que nos dias atuais duas pessoas do mesmo
sexo podem ter uma união estável, do que para jovens da mesma idade que eu, mas
percebo que nós jovens estamos cada vez mais intolerantes, desrespeitosos e
agressivos, ora hoje já existem mulheres jogando futebol de qualidade, bem
melhores que muitos homens por ai, o futebol já deixou de ser um esporte
masculino há muito tempo e o rapaz vai lá e diz “ aqui é lugar de homem “ HOMEM
meu senhor ele nunca deixará de ser, mas ele poderá ter outra opção sexual ( o
que não é o caso do jogador em questão ), e isso não implica em dizer que ele
tenha mais ou menos capacidade profissional que outros jogadores.
Mas até ai tudo bem,
suponhamos que são pessoas menos instruídas ( o que não justifica ), que não
tiveram acesso as informações corretas e um acompanhamento social no que diz
respeito a educação familiar, mas o que
vocês me dizem de uma jornalista, formada, que teve acesso à educação, que lida
com muitas informações diariamente, que deveria ser imparcial e até mesmo
ponderar suas avaliações em redes socias, quando afirma que: “Me perdoem se for
preconceito, mas essas médicas cubanas têm uma cara de empregada doméstica.
Será que são médicas mesmo? Aff!!, que terrível. Médico, geralmente, tem
postura, tem cara de médico, se impõem a partir da aparência... coitada da
nossa população. Será que eles entendem de dengue? E febre amarela? Deus
proteja o nosso povo” ( Micheline
Borges, Jornalista )
Ai eu me pergunto, o que leva uma mulher dessa a fazer uma
afirmação tão preconceituosa a esse ponto? No tom que foi usado, até parece que
foi um grande desabafo, composto por muito ódio e nenhuma inocência. Senti-me
envergonhada, além de decepcionada com o ser humano.
A repercussão dos dois casos foi enorme, muitas comentários
sobre os mesmos foram expostos nas redes socias e em outros veículos de
comunicação, mas creio que deveríamos fazer uma auto-avaliação a partir desta pergunta: Onde guardamos
o nosso preconceito? Talvez piadas contadas em ambientes amistosos entre amigos,
talvez no subconsciente, disfarçado de uma falsa aceitação às minorias, não sei, o que
sei é que eles estão dentro de nós, e são adquiridos muitos cedo, lá na infância,
a partir da percepção do que é belo e feio, a partir do contato com a sociedade
e de qual forma deveremos nos posicionar dentro dela a ai é que vamos acentuando ou
não esses preconceitos.
A verdade é que vivemos a todo o tempo renegando uns aos
outros seja pela classe social, pela cor da pele, por região, por religião, por sexo.
As pessoas precisam acolher, e não “ aceitar “ , porque aceitar não nos torna
menos preconceituosos, simplesmente nos
deixa altruístas no sentido de nos julgarmos mais a frente e abertos as
diferenças. Não é isso que queremos! Queremos andar lado a lado, queremos a
união das pessoas, livres de diferenças impostas por nós mesmos separando-nos
cada vez mais. Mas será que é isso que queremos mesmo? Será que estou preparada
para quebrar dentro de mim todos os preconceitos que descobri ao fazer essa auto-análise?
Acho que não! E peço-lhes desculpas, pois descobri que também sou
preconceituosa, e lhes digo mais, estou com vergonha de mim, pobre mortal que faz
parte de uma minoria e mesmo assim não consegue se livrar dos fantasmas do
preconceito.
Meu primeiro passo foi dado, já reconheci os meus
preconceitos, agora tento livrar-me deles. E você já se perguntou onde você
guarda o seu preconceito?
Íris Fabianna !!