terça-feira, 3 de setembro de 2013

Onde você guarda o seu preconceito?

Temos visto ultimamente muitas manifestações de preconceitos, muitas vezes praticados de uma forma tão intensa e até mesmo cruel, chegando a agressão.
Durante as últimas semanas presenciamos dois casos polêmicos de preconceito, o primeiro foi através de uma foto, até então inofensiva onde um atleta do futebol Emerson Shaike, jogador do Corinthians, beija um amigo em tom de brincadeira e é duramente criticado por alguns integrantes de torcidas organizadas que dizem em uma entrevista para o GloboEspote.com assim: Isso não é atitude de um jogador do Corinthians, e o mínimo que queremos é que ele faça um pedido formal de desculpas. Não somos homofóbicos, mas se ele quer fazer essas coisas que vá para outro clube. Aqui no Corinthians, não “. Ann?? Eu entendi direito? Nós não somos homofóbicos?? E essa atitude foi o que mesmo? As vezes tenho a impressão que o caso é mais sério do que imaginamos, as pessoas muitas vezes nem sabem que estão sendo preconceituosas, acham que estão agindo de forma correta. Entendo que o mundo vem mudando e que é muito mais difícil para a minha avó que tem 87 anos entender que nos dias atuais duas pessoas do mesmo sexo podem ter uma união estável, do que para jovens da mesma idade que eu, mas percebo que nós jovens estamos cada vez mais intolerantes, desrespeitosos e agressivos, ora hoje já existem mulheres jogando futebol de qualidade, bem melhores que muitos homens por ai, o futebol já deixou de ser um esporte masculino há muito tempo e o rapaz vai lá e diz “ aqui é lugar de homem “ HOMEM meu senhor ele nunca deixará de ser, mas ele poderá ter outra opção sexual ( o que não é o caso do jogador em questão ), e isso não implica em dizer que ele tenha mais ou menos capacidade profissional que outros jogadores.
Mas até ai tudo bem, suponhamos que são pessoas menos instruídas ( o que não justifica ), que não tiveram acesso as informações corretas e um acompanhamento social no que diz respeito a educação familiar, mas o que vocês me dizem de uma jornalista, formada, que teve acesso à educação, que lida com muitas informações diariamente, que deveria ser imparcial e até mesmo ponderar suas avaliações em redes socias, quando afirma que: “Me perdoem se for preconceito, mas essas médicas cubanas têm uma cara de empregada doméstica. Será que são médicas mesmo? Aff!!, que terrível. Médico, geralmente, tem postura, tem cara de médico, se impõem a partir da aparência... coitada da nossa população. Será que eles entendem de dengue? E febre amarela? Deus proteja o nosso povo” ( Micheline Borges, Jornalista )
Ai eu me pergunto, o que leva uma mulher dessa a fazer uma afirmação tão preconceituosa a esse ponto? No tom que foi usado, até parece que foi um grande desabafo, composto por muito ódio e nenhuma inocência. Senti-me envergonhada, além de decepcionada com o ser humano.
A repercussão dos dois casos foi enorme, muitas comentários sobre os mesmos foram expostos nas redes socias e em outros veículos de comunicação, mas creio que deveríamos fazer uma auto-avaliação a partir desta pergunta: Onde guardamos o nosso preconceito? Talvez piadas contadas em ambientes amistosos entre amigos, talvez no subconsciente, disfarçado de uma falsa aceitação às minorias, não sei, o que sei é que eles estão dentro de nós, e são adquiridos muitos cedo, lá na infância, a partir da percepção do que é belo e feio, a partir do contato com a sociedade e de qual forma deveremos nos posicionar dentro dela a ai é que vamos acentuando ou não esses preconceitos.
A verdade é que vivemos a todo o tempo renegando uns aos outros seja pela classe social, pela cor da pele, por região, por religião, por sexo. As pessoas precisam acolher, e não “ aceitar “ , porque aceitar não nos torna menos preconceituosos,  simplesmente nos deixa altruístas no sentido de nos julgarmos mais a frente e abertos as diferenças. Não é isso que queremos! Queremos andar lado a lado, queremos a união das pessoas, livres de diferenças impostas por nós mesmos separando-nos cada vez mais. Mas será que é isso que queremos mesmo? Será que estou preparada para quebrar dentro de mim todos os preconceitos que descobri ao fazer essa auto-análise? Acho que não! E peço-lhes desculpas, pois descobri que também sou preconceituosa, e lhes digo mais, estou com vergonha de mim, pobre mortal que faz parte de uma minoria e mesmo assim não consegue se livrar dos fantasmas do preconceito.
Meu primeiro passo foi dado, já reconheci os meus preconceitos, agora tento livrar-me deles. E você já se perguntou onde você guarda o seu preconceito?


Íris Fabianna !!

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